sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Velha vida...


“Quem sou eu?”, perguntei a min mesmo. Meu EU respondeu que não sou nada, um tropeço nascido sem querer, uma inexpressão sem futuro, apenas um ego mal vocacionado. De desentendido me fiz e indaguei a Terra, “Quem sou eu?”. O solo se abriu e deu-me um grito vagabundo, um berro que dizia que sou apenas pó, resto de historia antiga nascido para morrer. Frustrei-me. “Quem sou eu?”, perguntei para o céu. Lá do alto ele me olhou com arrogância, fechou a cara e disse sem importância, “Pra min, nada”. Aproveitando a chuva que caia perguntei-a “Quem sou eu?”, correndo dizia, “Você é...”, sem tempo sumia. Vaguei, desistindo de achar uma essência. Quem poderia resumir-me a palavras singelas e responder com cautela? Sentado fiquei na Pedra do Nada tentando pensar em uma resposta, que expressasse, não me acuasse, quem sou eu, sem rodeios e devaneios. Por fim, perguntei a uma velha senhora que passava, por sorte, no mesmo tempo e momento da minha tristeza. “Quem sou eu, podes por graça dizer?”, a velha em passos lentos, fadigados olhou-me de rabo, respondeu-me sem parar o caminho. “Quem tu és? Moleque pequeno nascido em amor, criança vadia, sem amanha, com mente universal. És transformador de sorrisos, és necessitador de abraços. És um sonho futuro, um desejo imaturo, homem velho sadio. És amor e angustia, dor e prazer, sabedoria e tolice, és paixão que faz sofrer. És passageiro sem bagagem, caixeiro de viajem, és dia com anoitecer. És quadrado e redondo, triangulo e retângulo, és um sonho futuro, um presente passado que nunca á de voltar. Quem tu és? Tudo e nada, homem pequeno, sereno, que procura atoa um mundo de vento”. O lugar onde sentava eu, sumiu. Gritei num susto “quem tu és, velha passageira?”. Num horizonte embaçado, meio mesclado parecendo ter sido pintado, andando sem pressa tocando a imensidão ia ela, sem pressa e sem resposta a minha preocupação.

Um comentário:

Gabriela Oliveira disse...

Eu não sou nenhum desses fenômenos aos quais citastes, mas atrevo-me na miudeza de minha simples pessoa comum também responder a tua indagação. Ès simplesmente como o vento que acalma quando sentimos o ar se esvaindo. Ès como a chuva que chega sem que estajamos prontos, nos faz pensar se a queremos ou a odiamos. Como o porre da sexta-feira, que nos deixa fora de nos, rindo a-toa,mas que mesmo viciante não queremos resistir. Ès bom e ruim ao mesmo tempo como balinha de chocolate com pimenta. Ès encantador como uma borboleta e grosso como rinoceronte. Enfim... vc é aquele que se quer escutar e se quer ouvir mesmo no silêncio, pois é culto de conhecimentos e puro de sentimento.

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