segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Cinema, cafuné e um sexo selvagem. Porque o Amor me da ranço

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Um cigarro de maconha, uma mancha de vinho no braço do sofá e a televisão ligada na netflix. Ozark, série da vez. Assim eram suas noites já faziam algum tempo.
Vez ou outra sempre tinha seus contatinhos prontos pra afagar seus desejos e bater um papo nos botecos das esquinas da Asa Sul em Brasília. Tinha até um em especial que era o que ela mais gostava. Mas ele se perdeu, “porque você veio com esse papo torto?” relembrou.
     Haviam se conhecido num aplicativo e se encontrado no Pátio Brasil perto do que antes era a velha fonte, “não sei porque tiraram ela daqui”. Foi uma noite “xuxu beleza”, como ele mesmo havia dito enquanto comia o resto da comida do Panelinhas na sua frente. Ela riu, ele tinha sido muito simpático e engraçado.
    Cinema, lanches, shows, bares, sexo e mais sexo foi dali em diante. Nasceram um para o outro. Dick e Jane, a dupla perfeita. Ela adorava seus papos. Astrologia, politica, filosofia, trabalho, teletumbies e até aquele desenho estranho com um menino e um cachorro amarelo. Ele era fã de Caetano mas dormia ao som de Slipknot. Vez ou outra entrava na Saraiva só para passar os dedos nos livros pra ter aquela sensação deles os pertencer. Ela adorava suas estranhezas.
    “Eu to gostando de você”, assim que ele fudeu com tudo. 
    “Qual o problema das pessoas?”, pensou. Porque tudo tem que acabar em namoro, casamento, filhos, noivado? Depois de algum tempo tudo que ela queria era alguém legal pra poder curtir os dias estranhos. Nada de possíveis namoros ou coisas sérias, só uma pessoa com seu mesmo animo. Achava que ele era assim, mas não foi.
     Celular vibrou. Era ele.
     “PORQUE SUMIU? TE FIZ ALGO? GOSTO DE VOCE”
Ela respondeu;
     “Você é legal, mas estamos em vibes diferentes”. Pauzinhos azuis sem resposta.
     Deu uma tragada no cigarro. Prendeu. Soltou. “Deus me livre do amor. Amor me da ranço.”

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