quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Máquina do Tempo

 


Se eu pudesse voltar no tempo que erro corrigiria?

Tantos cometidos e repetidos em minha vida.

Mudaria as escolhas, amizades, caminhos?

Talvez voltar um pouco mais, lá atrás.

Se eu pudesse voltar e repensar nascer?

Trocaria os caminhos dos meus pais com uma luz acesa

Ou as chaves esquecidas no sofá?

Se eu pudesse voltar no tempo, e descobrisse

Que na verdade meus erros nunca importaram

E que minha vida sempre foi apenas uma bucha de sena,

Num jogo desleal e confuso, o que corrigiria?

Se eu pudesse mudar as guerras, as religiões,

Os desastres e matanças infinitas, até quando voltaria?

Qual política adotaria ou país odiaria?

Pra qual romance voltaria?

Quando foi que tudo deu errado?

Onde fica o ponto que muda o mundo?

Aquele fio da morte, o gatilho da boa leitura,

Aquele pequeno espirro de paz.

Se eu pudesse voltar no tempo mudaria o que?

Mudaria quem?

Mudaria algo?

Mas, e se eu pudesse voltar no tempo

E por pura ironia triste,

Voltasse pro mesmo lugar?

domingo, 3 de outubro de 2021

QUEM NUNCA...

 


O surdo batia forte do meu lado quando eu vi ela comprando a ficha da cerveja do outro lado da roda, bem atrás do panderista dançante, que cantava com um coral de copos de cerveja e abraços, no bar do Piauí no centro da capital do país.

“ÊTA VIDA DE CÃO...”

Eu me apaixonei.

“... OLHA MEU AMOR ESQUECE A DOR DA VIDA...”

Ela sambava com um sorriso solto. Meus ouvidos quase podiam ouvir as gargalhadas de longe, atravessando os microfones e as declarações de amor de pessoas alcoolizadas num pagode muito bom. O cavaquinho chorava nervoso e o pé dela consolava num samba empolgante. Nem a conhecia e já queria apresentar para a família.

“... CHURRASCO NA BRASA, CERVEJA GELADA...”

A perdi de vista.

“PESQUISO SAUDADE, SÓ DA VOCÊ...”

O bar fechava. “Perdi a mulher da minha vida...” lamentava completamente alcoolizado a um amigo.

- É meu caro – disse ele filosoficamente bêbado – tem que ter coração pro pagodão.

“...PÉ NA AREIA, AGUA DE CÔCO, BEIRA DO MAAAR...”

Plumas, penas e prisões

  - ... três meses de prisão preventiva.. O promotor vestia esses lenços pretos no pescoço, uma espécie de babador ao contrario. Faltava-l...