segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"?"


A vida vista de uma perspectiva de quase morto, é de certo ponto angustiante e a o mesmo tempo aliviante. Porque aliviante? Não sei. Se as coisas que acontecem aqui neste mundo são todas passageiras, logo, não devem ser levadas com tanto zelo, sabendo-se que vão terminar. Talvez assim, tratando tudo com uma certa indiferença moderada, quando a morte for encarada, não será tão perigosa como achamos que é. Acredito que a morte é na verdade um começo, um começo eterno e particularmente, ao lado de Deus. Falar que um dia vamos morrer sentindo o coração batendo tão forte e firme no peito, e fácil, mas e quando sabemos que no próximo passo, seu ultimo fôlego, seu ultimo suspiro vai se extinguir? Uma boa maneira de se viver é sonhar, mas não esperar a realização, amar sem esperar nenhum empecilho ou um caminho livre ao amor eterno, como já dizia Mario Quintana “amar sem almejar o eterno”. Viver e aproveitar seus supostos últimos momentos, pois ninguém sabe quando virará pó. Buscar a felicidade verdadeira, não baseada em coisas materiais e fúteis, pois qualquer pessoa em seu leito de morte não se lembra do seu materialismo que não conseguiu conquistar, mas sim, nas pessoas que não verá mais, nos amores e brincadeiras que serão apenas esquecidas, se lembra de tudo que ela não lembrou em toda a sua vida. Que se ferre a idéia que não existe outra vida depois desta, se não houver, pra que viver então? Pra buscar e viver atrás de uma felicidade que só vai ser efêmera e inútil? Qual seria a diferença de morrer hoje ou daqui cinqüenta anos? Mande os que crêem nisso se matarem, quero ver se a vida vale mesmo essa mediocridade e inutilidade que eles pensam. Escarro à esses! O que me indaga neste momento, são as pessoas que irão chorar verdadeiramente na minha morte, os que irão ver o meu rosto num baú para aproveitar os últimos momentos com o que restou de min. Quem realmente me amou, se alegrou comigo, quem me queria perto, queria saber quem vai sentir aquela agonia no meio do peito quando saber que não poderá mais me ter. Prepotência minha? De maneira nenhuma. Isso me faz pensar, enquanto vivo, nos que me cercam e o quanto eu faço feliz cada um deles, pois se não conseguir fazê-los rir quando forem dormir lembrando de algo que fiz ou outro tipo de coisa do que adianta ter vivido? Isso sim seria prepotência, viver e não despertar a vida em alguém! Agradeço a Deus por ter me dado certas situações para aprender isso. Não que eu trate a vida com descaso, ela é muito valiosa, porem, não tão valiosa como a que Deus preparou pra min depois desta. E também, para que desejar tanto viver assim? Para continuar preocupado com trabalho, se estressando com escola, desprezar os menos afortunados, continuar a brigar com outros só porque não são e não pensam como eu? Exagero meu? Com uma arma na sua cabeça, a única coisa valiosa para você, não vai ser faculdade, emprego, ideologias, etc, vai ser a sua vida. Seus amores, seus sentimentos, são essas as coisas que realmente valem muito, só que a desprezamos. Não é discurso de quem não quer trabalhar ou coisa parecida, deve-se sim ocupar esse passatempo que é a vida com algo, porem, não são prioridade. De fim, a vida é isso, indagações e duvidas. Assim com o sol não pode saber o quanto que seus raios interferem na vida de tantos outros seres sendo ainda sol, eu também não poderei saber o quanto que viver interfere em outras coisas extravida enquanto vivo. Filosofia barata? Não. Apenas outra “?”. Respostas para tantas questões da vida, só depois de morto, enquanto não morro, passo o tempo filosofando.

5 comentários:

Bruno N.M disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno N.M disse...

Diante de tanta arrogância e estupidez, a vida se torna um lugar, de passagem barata. No trem de mil passageiros a escolha certa nunca fora olhar pela janela e se deliciar com a paisagem que sem nenhuma explicação é linda o suficiente e somente existe, capaz de alegrar e confortar.
Mas até onde vai o trem, parem ele que eu quero descer!
Agora queria rever todos meus amores, queria virar a noite sorrindo e observando as estrelas com a Larissa. Jhon queria rir de a sua cara, mas também fazer com que você risse de minha, em um ato comunicativo onde ninguém se entende, virar a noite trocando idéias confusas cheias de interrogações etc. Abraçar minha mãe a todo instante. E não mais pensar que sou passageiro de um trem que segue viagem para onde não há nada, onde os objetivos e metas estabelecidas para se prosseguir vivendo são as menos importantes, quem precisa disso realmente? Precisamos compartilhar algo maior os sentimentos... Quanto à vida ela é o Maximo, as questões é que são um pouco confusas! Rsrs...

Existem os limites havia me esquecido...

Gabriela Oliveira disse...

Viver e mesmo algo inquietante. Não se deseja viver um sonho, pq sonhos são frágeis ante as barreiras da realidade e os sonhadores não querem se frustrar. Nem tão pouco quer-se a dura realidade, pois nem os incurvaveis suportariam tanta podridão. Mas que esperar então... Que tal esperar que a vida tome seu rumo sem querer burlar as linhas que foram escritas carinhosamente pra nós. Não posso dizer que sou grande conhecedora dos mistérios que envolvem o plano de Deus, mas da simples observação de mim percebi que até as frustrações são fruto de nossa ansiedade. Deus não nos fez assim, mas nós tentando viver tudo antecipadamente fizemos nascer as rugas da alma.

Gabriela Oliveira disse...

Sabe qual é o amor de verdade?
Amor verdadeiro não é o amor eterno enquanto dure, nem o que dura só até um dos que ama morrer. È aquele que nasce tranquilo e inevitável, cresce surpreendentemente e dura até o fim, e esse fim não é a morte do corpo, nem a comodidade do esquecimento, É O ÚLTIMO DIA DA ETERNIDADE. Por isso é tão difícil encontrar o grande amor.E é por isso que muitos, quase a totalidade, morreu sem consegui~lo.

Bruno N.M disse...

“A realidade é apenas para aqueles que não podem suportar o sonho." Sempre me deparo com essa alusão de Lacan. A oposição entre sonho e realidade logo me faz perceber que as pessoas se enganam muitas vezes ao tentar fugir de si mesmas. Muitos procuram abrigar-se nas dependências da realidade evitando o sonho, acham que sonhar é covardia e se desobrigar da realidade, mas o oposto disso a grande fuga esta na realidade. A realidade é regida por fatos sociais, as pessoas encaram seu dia a dia na mesmice de sempre e se esquecem do sonho, este que tem caráter único e comporta a realidade oculta sobre o que realmente importa diante de nós mesmos e da sociedade. A realidade é a revisão mal feita dos sonhos.

Plumas, penas e prisões

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