quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

 




         Porque Jó teve que sofrer tanto? A narrativa da história de Jó sempre me deixou incógnitas.

Dois seres celestiais fazem uma aposta e decidem punir um homem do qual eles fazem questão de dizer que é o melhor homem da face da terra.  Após doenças, mortes, tragédias, discursões, perdas materiais, brigas com amigos e família, crises existenciais, iras descontroladas e uma infinidade de boletos não pagos, ele se depara com o vencedor da aposta, que na ocasião não lhe responde nenhuma de suas perguntas, e mesmo assim o obriga a aceitar essa realidade completamente desconexa sem reclamar. Depois disso ele recebe tudo em dobro e o prazer de ter mais quatro gerações.Ele não tinha culpa de nada, levou a pancada e não fazia ideia do que estava acontecendo. 

O que se passava na cabeça de Jó?

Em todos os seus diálogos as questões de Jó fazem total sentido, quando a gente sabe o que está acontecendo por trás de tudo, mas na perspectiva real, as coisas estavam muito mais fora do alcance. Alguns fazem questão de lembrar que ele teve o dobro de filhos, mas e os que morreram? Uma aposta cruel que proibiu um homem até de morrer. 

Porque os deuses continuam jogando conosco? Coisas acontecem sem sentido, regras e caminhos que seguimos sem destino. Surras diárias de vida com ferrolhos violentos e pesarosos. Pessoas que amamos morrem e a gente se pergunta: Porque? A vida gira incansavelmente e as coisas acontecem num compasso de escolhas e consequências. Coisas aparentemente boas, outras falsamente ruins e experiências que se em algum momento tivéssemos a escolha de não passar, não sofreríamos tamanho achaque. Como seria se tivéssemos controle de nossas vidas? O que fazer quando nem mesmo sendo a melhor pessoa que você acha que pode ser, a vida vem e te dá uma rasteira violenta e sem sentido?

Esse ano com certeza me fez entender melhor o Livro de Jó. E tenho certeza que outras quase oito bilhões de pessoas também. Todos os dias ganhamos ou perdemos sem saber se é sorte ou habilidade, força de vontade ou dinheiro. Bilhões de almas desesperadas lutando pela sua sobrevivência e felicidade, e a maior parte está mais pra Jó do que pra Davi, “alguém segundo o coração de deus”. Uma raça inteira nas mãos do Grande Ser Supremo, seja lá qual for seu nome. 

Se tem uma coisa que aprendi nesse apocalipse existencial é que nem sempre as coisas vão fazer sentido, e na maioria das vezes não fazem mesmo. Só nos sobra aceitar, agradecer e continuar a luta, e se a ferida doer tem caco de telha pra ajudar a coçar.

Jó é um dos poucos livros que respeito na bíblia, mas com certeza é um dos mais sábios.

“Nu eu vim e Nu eu voltarei”, uma espécie de “Foda-se” que traduz bem a essência do livro. No final, tudo vai passar e a nossa única certeza é que a morte já esta literalmente a pairar no ar.

Desejo sorte aos jogadores e torço para que seus deuses sejam bons em apostas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O Amor é uma Tragédia

 



- “O amor não vale a pena, mas o que seriamos sem ele?.”

Me selou e voltou o olhar ao palco admirando o espetáculo.

Aquela era a terceira peça de Shakespeare do festival e os intervalos de cada uma geravam discursões sem fim. Hamlet “minha favorita” dizia ela repetidas vezes era a da vez.

- As pessoas tem uma visão errada de romeu e julieta -  disse ela quando saímos da última peça – pensa comigo; todo esse romance durou cinco dias. Romeu tá triste por que acaba de sofrer de amor e na sua solidão vê julieta e pronto, um novo amor traz sentido novamente a romeu enquanto todo mundo fala que tá errado. Um amor pra esquecer outro.

- Não tinha pensado nisso.

-  Ninguém pensa. Na verdade uma boa parte da nossa noção de amor vem de coisas que a gente nem faz ideia. Romeu e Julieta fala de muita coisa, mas amor com certeza não é uma das principais.

- Mas não deixa de ser fofo.

- Claro que não. O amor não vale a pena, mas o que seriamos sem ele?. Eu digo isso mas sou uma incrédula apaixonada, tipo um ateu que agradece a deus por cada vitória. Não acredito nesse amor de Romeu, eu to mais pro amor de Hamlet. Inclusive você vai adorar, é a minha favorita.

“É agora”, falou baixinho apertando minha mão como se eu não estivesse olhando. O ator erguia um crânio em punho lentamente; “ser ou não ser? Eis a questão.” Eu podia sentir ela balbuciando seu trecho favorito.

- Hamlet era um estoico – falava sem parar na fila antes de entrarmos - Suas indagações são sempre muito sensatas e toda a peça fala muito sobre a gente. Posso dizer que é clássico, porque nunca para de dizer o que tem pra dizer. Algumas pessoas questionam o amor dele por Ofélia, e é ai que eu digo que ta tudo errado. Amor é continuidade, é racional porem intenso. Mas não confunda, ele via a vida como uma “enorme prisão, cheia de células, solitárias e masmorras” mas ainda sim que temia as “dores do coração e das mil mazelas naturais a que a carne é sujeita”...

- Você decorou ou tá inventando?

- Te falei que é minha favorita. Você ta me ouvindo? – me tapeou no ombro.

- Claro. Eu e o resto do teatro.

- Foda-se. Quer saber, nossa vida é uma grande tragédia. E se eu pudesse escolher, seria como Ofélia. Adoraria ficar louca de amor por um Príncipe apaixonado igual Hamlet. Os romeus que morram.

Com o tom pálido e enfermo da melancolia - continuava o ator deitado no chão a minha frente - E desde que nos prendam tais cogitações, Empresas de alto escopo e que bem alto planam, Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.”.

- É isso – cochichou no meu ouvido – o amor tem que ter um ar de tragedia. A louça é sua hoje.

E me beijou a face.

“O que ela deve pensar sobre Lady MacBeth?”


domingo, 16 de agosto de 2020

A Igreja de Deus no Brasil, quem diria hein? opa, eu disse!

Igreja de Deus no Brasil – Uma família pronta para te receber!


Um ano depois aqui estou novamente para provar minhas verdades.

Me disseram que eu devia maneirar nas palavras, mas depois de todo esse tempo percebi que quem se ofende também merece o insulto. Todos os líderes da Igreja de Deus no Brasil são ladrões e cumplices de uma instituição que estorce seus fiéis. Lhe desafio a me provar o contrário.

Fui ameaçado, xingado, tomado como imaturo e até proibido de pisar na instituição, acharam que era pelo dinheiro e pelo ego, a todos que me chamaram de louco e mentiroso, pergunto; eu tenho como provar, e você?

Passei dois terços da minha vida na Igreja de Deus, conheço os processos e boa parte das pessoas. Fui líder de jovens, de louvor, toquei, preguei, evangelizei, fiz ação social, fui professor de escola dominical, organizei congressos, passeios, converti pagãos e participei de todos os rituais que o protocolo pede. Conheci pessoas sensacionais que me faziam acreditar que tudo aquilo valia a pena, e é por eles que estou aqui. A IDB é uma instituição internacional que possui trabalhos brilhantes com órfãos, carentes, presidiários e pessoas em situação precária, nada que não seja de sua obrigação como “representantes de deus” na terra, mas mesmo assim não ofuscam o trabalho especial a qual se dedicam, trabalhos esses que são feitos por diversas religiões e organizações pelo mundo e que merecem respeito e atenção. Se insisto nessas palavras de acusação, o faço por saber do sofrimento de cada um que desempenha um trabalho cansativo de campo, enquanto alguns supostos lideres, que deveriam estar ali para pensar em cada detalhe, se esbaldam em carros de luxo e igrejas pomposas desperdiçando míseros milhares de reais que poderiam estar sendo bem mais aproveitados. Não quero bater de frente com uma organização que já matou milhões e nome de deus pelo decorrer da história, sei do meu lugar, mas sim contra uma presidência infantil e desleal.

O Tempo realmente revela tudo, e após alguns meses de espera venho reafirmar o que disse lá atrás e aos que me entendem peço ajuda, aos demais, os desafio. Em um prazo médio de um mês tudo vai se repetir e até que me provem o contrário, continuo a dizer que a Igreja de Deus no Brasil está desperdiçando MUITO dinheiro de fiéis e você pode contribuir para que isso seja corrigido. Me pergunte como.

Dito isso, só venha me insultar, questionar ou julgar se estiver interessado na verdade. Caso contrario não me encha com sua hipocrisia satânica, seu preguiçoso. Agradeço a inteligência dos que acreditam que a verdade deve ser revelada e a todos esses, os convido para um conversa tranquila e clara sobre tudo.

Igreja de Deus no Brasil, quem fala por você? E não me venha com essa de Deus, a gente sabe que ele não gosta de gravatas.


sexta-feira, 26 de junho de 2020

2 Corintios 11;16 ou Para Que Não Me Mintam

Métodos de suicídio – Wikipédia, a enciclopédia livre

No ano que eu nasci o Muro de Berlin vinha abaixo. No mesmo dia o Botafogo fazia história contra o Flamengo no Maracanã ganhando de um a zero, depois de um jogo tenso na final estadual. Em Pequim, um homem parava diante quatro tanques de guerra no meio da Praça da Paz Celestial, eternizado numa cena que inspirou milhares contra o regime chinês da época. O vídeo mostra ele sendo retirado por dois soldados, nada mais. Nunca mais localizaram o rebelde desconhecido.

O mundo girava intensamente, ainda com uma pequena imagem embaçada de nosso futuro tecnológico e avanços digitais, quando fui “puxado a ferro” – como dizia minha mãe, até que um dia, depois de grande descobri o que era fórceps – de dentro de outro individuo em alguma sala médica no hospital de Ceilândia, cidade com um pouco mais de dezoito anos que havia sido iniciada com o propósito de acabar com as invasões durante a criação da capital do país. O que antes era chamado de Campanha de Erradicação das Invasões, se tornou a RA mais populosa do quadradinho. Brasil se recuperando de uma ditadura, o mundo ainda chorando a guerra recente e dezenas de milhares de coisas aconteceram naquele ano, e eu sem um manual de instrução pra poder entender tudo aquilo.

Lembro de algumas coisas da infância, esses flashes que todo mundo tem. As histórias da família dizem que eu era do tipo atentando, apesar de minhas humildes justificativas. Alguns anos - e professores  reclamando da minha extrema incapacidade de ficar quieto - depois, comecei a perceber que, talvez, eu realmente seja um pouco inquieto. Sem provas concretas ainda. Eu sou o filho do meio, aquele que não é caçula pra receber o dengo e nem o mais velho pra receber o amor da primogenitura, dentro de uma família com cinco onde uma bandeja de iogurte é uma pedra de ouro na geladeira. Meu pai, boa parte do tempo trabalhando construindo sonhos no lago sul ou em algum outro lugar de Brasília mexendo massa e colocando tijolo, enquanto minha mãe tentava não matar três filhos, e eu era o que corria mais risco.

O tempo passou e aprendi cedo que a vida não tem tempo pra esperar ninguém. Fui do tipo que aproveitou bem as fases de moleque. Na escola reprovei porque TDAH era nome de doença venérea e minha dificuldade de acompanhar explicações ou fazer contas junto com meu dom de ficar quieto, me fez acabar estudando com adolescentes mais velhos e piores que eu. Lembro dos que chegavam com os celulares “ganhados” e dos que vendiam produtos ilícitos. Microempreendedores da sarjeta. Menores de idade que, faltavam alguns dias e voltavam gloriosos após sobreviver na detenção infantil. Nada como uma escola organizada pelo Estado pra preparar bem o cidadão pra realidade. Em meio as aulas sem fim de matemática e português, meu mundo girava entre tocar bateria na igreja que meu pai era pastor e amigos que levavam baculejo da policia quase todo dia.

Briguei na rua, fiz curso de modelo, roubaram minha bike com um soco no olho e comecei a ler livros. De manhã ping pong – tênis de mês é coisa de burguês – e de tarde livros sobre famílias sobreviventes do holocausto. Quando terminei os livros de casa, descobri que a escola emprestava, se a gente assinasse um papel e devolvesse depois. Enquanto os dois maiores prédios do mundo desabavam ao vivo diante dos olhos de milhões de pessoas pelo mundo, eu lia a história de Sócrates e sua morte por envenenamento. Não sei vocês, mas aos doze é um pouco difícil entender porque o mundo é assim depois de um “conheça-te a ti mesmo”.

Mudamos de cidade. Saí da CEI e fui pro Coração do Planalto Central, vulgo Planaltina. Uma casa que meus pais compraram - até hoje não sei como – onde passei uns dez anos dormindo em colchoes no chão da sala com a cara no fogão ao lado da porta, dividindo o espaço entre meus irmãos e os pingos de chuva do telhado. Durante essa época continuei lendo em bibliotecas. Por algum motivo, minha capacidade de elaborar bons textos pra idade e realizar boas apresentações me rendeu a boa fama da pessoa desenrolada – junto com a de inquieto. Meu primeiro salário veio de um lote capinado, comprei uma bermuda e um caderno. Meu primeiro milhão. Depois de alguns anos carregando carrinhos de concreto e tirando braquiária da terra senti que era hora de mudar. Fui estagiar em um cartório digitando mais de cento e cinquenta livros com umas duzentas páginas cada, em um computador no canto de uma sala ao lado de uma janela escondida atrás de um armário. A vista era uma torre de telefonia enorme, da qual um colega de classe havia se jogado dias antes finalizando seu ciclo de vida. Depois trabalhei vendendo açaí enquanto cursava canto popular na Escola de Música de Brasília. Nos intervalos das obrigações capitalistas da vida na época, me dedicava ao basquete, teatro, sala de recursos – a gente chamava de superdotados, claro -, livros de leitura corporal e política, passeios solitários e atividades religiosas. Líder de jovens, ministro de louvor, pregador e professor de escola dominical, como eu era fofo. Organizei feira, doação de sangue, toquei em palco e em algumas noites saía de violão pra ficar sentado com alguns moradores de rua conversando e tentando convencer alguns deles a sair de onde estavam. Comecei a cursar Filosofia três vezes e em todas elas tive que escolher entre continuar estudando ou trabalhar. Mas é assim mesmo, as vezes só nos cabe esperar, a vida não está nem aí pro nosso planejamento.

Aquilo que eu vivia no social, ouvia no religioso e lia nos livros me deixou um pouco confuso. Mas quem era eu? O que um repetente da periferia de Ceilândia sabe sobre o mundo? Senti que era hora de mudar e arrumei um trabalho de usar gravata. Como na escola, a capacidade de resolver problemas e boa comunicação me ajudou bastante. Trabalhei em várias empresas, dei treinamento, palestra, quis ser chefe, fiz cursos, ouvi besteira e fui mal valorizado. Mas o sistema sempre foi assim, e não era eu que ia mudar. Pra dar certo a receita era aquela.

Casei, tive filho, comprei moveis novos, viajei, carro zero, casa própria e carteira assinada, bons amigos e uma cama de casal que não deixava meus pés pra fora. Aí um dia despertei. Acordei numa madrugada qualquer e após ir no banheiro, fui na geladeira tomar um gole de leite. Enquanto a luz da geladeira iluminava minha alma, um choro descontrolado me deixou de joelhos com uma garrafa de leite na mão. Eu não sabia parar e nem porque tinha começado. Eu espanei.

Depois de alguns anos, após um processo de divórcio e saídas de emprego, percebi que aquilo não era mais o que eu queria, pode ter sido um dia, mas todo aquele enredo não tinha sido escrito por mim. E é nessas horas que eu digo que mudar pro quarto andar sem elevador tendo que carregar todos os moveis pelas escadas curtas sozinho, não se compara ao esforço da mudança interna. Descobri que a gente nunca para de nascer nessa vida, e em todas as vezes o parto é dolorido e traumático, e se reclamar o ferro esta ai pra ajudar.

Passei fome, peguei chuva com filho no colo, fugi de bandido, dormi na beira de estrada, chorei, gritei, briguei, abri empresa, fechei empresa, amei, odiei e me arrependi de ter escolhido aquele caminho.  Quase morri e já fiquei de cama cinco dias apenas bebendo agua. Teve um dia que percebi que dipirona também da barato depois de algumas gotas, não aconselho. Demorou um tempo pra entender que tudo faz parte do processo e que não existe essa de bom ou mal, a vida é o que é e a gente tem que entender. É difícil perceber na hora, mas se a gente souber passar, talvez de certo. Talvez, porque garantia a gente tem só de morrer.

Mais que um e menos que outros, eu já senti aquele frio na alma que só os abandonados sentem. Eu sofri as injustiças do Estado e vivi seus abusos. Perdi amigos por causa de algumas cédulas de real e espantado com o poder da ganancia convivi com indivíduos dispostos a muito pra ter mais do que eles já tinham em abundância. Me perdi numa cultura religiosa que havia matado muitos com suas boas novas, enfiando espada goela abaixo em quem não aceitasse a benção do deus todo poderoso. Cansei de ser tratado como um número registrado e criado para produzir para alguém, vendendo meu tempo de vida numa máquina empresarial das quais eu discordava de seus métodos de exploração do capital humano. Às vezes eu acho que o fórceps apertou demais minha cabeça.

Tem gente que me chama de doido, eu não os culpo, também acho isso deles. Hoje eu sei que ta todo mundo perdido e a humanidade é um eterno jogo de improviso, onde quem se adapta sobrevive melhor, isso se der sorte de não ser devorado antes.  Um dia meu avô decidiu fugir com o cangaço e hoje cá estou, resultado de infinitos acontecimentos irrelevantes e desconexos. Alguns veem sentido nisso tudo, eu só vejo improviso, sobrevivência. E se for pra ser assim, que seja no mínimo justo com todos que padecem disso chamado Vida.

O destino é a caminhada. Não existe essa de vencer na vida, com o tempo a gente aprende que conseguir respirar bem já é um puta de privilegio.

Hoje, mais amaciado que chão de pasto, depois de algumas falências, morte e experiências um pouco incomuns, entendo o suicídio de Sócrates. Afinal, quem conseguiria viver uma mentira pelo resto da vida?

E ainda tem gente que me chama de vagabundo. Ó as ideia. Quem sabe no próximo nascimento, afinal, o jogo sempre pode virar. 


quinta-feira, 25 de junho de 2020

21/06/2020, ou O Ano Que Fudeu Com Nossa Cabeça



Aquele ano foi um pouco difícil. Mas, qual não foi?

Me lembro de uma época que era necessário baixar vários aplicativos num desktop enorme com pouca memoria e uma internet discada que caía ao menor soprar de ondas telefônicas, só pra poder baixar aquele álbum maravilhoso do seu artista favorito. A gente mudava a aparência do programa. Hoje o aplicativo musical do celular me arrasta pra uma imensidão musical gratuita. Gratuita porque uso a conta de um amigo, mas afinal, quem não usa a conta do amigo?

O carnaval foi intenso e o país ainda vibrava, nessa terra o ano começa depois do carnaval. E começou mesmo. De repente uma minoria morta em algum país por causa de uma idiotice humana – sempre é – era preocupação interplanetária. Por que se você pensar bem, nessa geração a seleção natural beneficia apenas os melhores afortunados, ao restante sobrou o risco de vida e morte diário saindo nas ruas. Elas gritavam por comida, direitos, trabalho, liberdade, ganancia. Eles derrubaram estatuas, destruíram lojas, mataram pessoas. A Africa, já sem saber o que é ter um minuto de paz em seu solo, como uma escrava abusada e maltratada pelo seus próprios filhos, potencializou seus abortos na guerra com milhares de vitimas inocentes que nunca sequer ouviram falar sobre como os bitcoins podem transformar a vida delas e de suas famílias ou como o mercado de soja se comportou com a crise das pragas que nos atacaram com tanta eficácia. Na verdade, tudo nos atacou com eficácia. Em todo mundo governos passavam por crises financeiras e protestos sem fim. Teve terremoto na Korea, liberação da canabis no Libano e o Brasil parecia um seriado americano onde a politica facilmente se encaixaria nas cenas onde as palmas e os risos aparecem a cada piada sem graça e você fica tipo “que?!”. Ai não sabe se deixa ou se tira porque é muito ruim mas quer dar mais uma chance porque você acredita no potencial dos artistas.

A Nasa se uniu a uma empresa privada e conseguiu mandar um pedaço de lata com pedaços de carne para o espaço para que eles possam viver dentro de outra lata e de lá, longe de tudo e ainda sim mais perto do que qualquer planeta, eles mandem noticias do “universo”. São quase quinze mil anos de homo sapien e a gente ainda solta pipa de satélite pelo céu.

O mundo ruía entre crises climáticas e bombas de gás. Quarentena, relações intensas. Corpos espalhados e bombas econômicas que defenestraram milhares na pobreza e crimes.

Enfim, aquele ano foi um pouco difícil. Então se me perguntar onde eu estava no aniversario do ano passado, eu diria que fodido. Quem não estava? Faz parte. Mas se eu pudesse voltar la atrás, e por um breve instante poder olhar nos meus olhos, diria; Lava a louça, faz teu corre e rega tuas plantas, o Tempo respeita quem corre com ele.


quinta-feira, 18 de junho de 2020

Apenas uma ranhura no tempo...

7 Dicas de Como Cultivar Rosas em Jardins, Vasos, Quintal


Antes
Agora
Depois
O que importa?
O Tempo é um disco minha cara,
Uns são Agulha,
Outros Canção.

O que é uma rosa?
Seu nome,
Ou seu perfume?

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Amor Libertário


Manifestações como as de 2013 provavelmente se repetirão – Blog do ...

Manifestações de 2013, março. Impeachment, corrupção e crises financeiras. Conheci ela gritando no meio da multidão com um cartaz branco, “TA TUDO ERRADO” escrito com batom preto. Como se a grana só tivesse dado pro papel e o batom já era um item cotidiano. Típica hippie de dreadlock castanho e uma franja pintada de vermelho. Uma mendiga com quem você se casaria fácil. Amigos que eram amigos de amigos de um amigo meu, que foi comigo – porque em Brasília é assim – nos apresentaram, e em todas as “reuniões de cúpula rebelde”, como ela mesmo dizia com uma voz de agente da KGB infiltrada, a gente se topava.
No primeiro dia nos beijamos. Ela me beijou na verdade, eu não imaginaria que tinha alguma chance. Foi anárquico. Tinha cheiro de ervas e uma boca macia. Linda. E livre.
Nos dias que os atos eram movimentados, desaparecia em meio ao caos e surgia depois, descabelada com o olhar em fúria após ter corrido da policia, “GOVERNO FILHO DA PUTA!” gritava com o dedo do meio em haste pro Congresso e me beijava, “é bom ter uma boca pra beijar na multidão” e saía com um sorriso libertário. Ela era do amor livre, da vida livre e revolução era sua paixão. Uma boca afiada e uma mente politica temperada com a malicia das periferias da capital do país. Combinação perfeita pra uma rebelde. Era revolução, mas também era por diversão. Tudo é por diversão.
Junho de 2013, mais de dez mil pessoas plantadas em frente ao Congresso Nacional com policiais em corrente diante dos espelhos d'água. Eu me defendia do spray de pimenta e canhões de luz que me cegavam as vistas, quando ela me puxou pelo braço,”Vem! RÁPIDO!”. Subimos a grama indo para lateral rumo a Cúpula do Povo. Ela odiava aquilo, dizia que “a do Estado também é nossa, isso devia ser uma bolha, não duas cúpulas”. Era impossível passar, a gente se espremia, um coagulo de pessoas que de repente estourou. Eu vi de longe os primeiros a subirem na cobertura, era real. Uma guerra, e o castelo havia sido tomado. Nós vencemos. A luta era outra, sempre é, mas aquela era nossa vez. Ela me olhou num susto com as pupilas marejadas de emoção e entusiasmo, e correu. Subi e via as sombras gigantes refletidas nas paredes curvas daquela bacia branca, as bocas não paravam de gritar e o chão tremia com o peso de mais de dez mil ideias que estavam cansadas de pedir aquilo que já era delas por direito. Então ela apareceu e me beijou, “é bom ter uma boca pra beijar na multidão”. E sumiu.
Congresso Nacional tomado, garganta rouca, dez mil pessoas e um beijo de amor livre. É assim que se faz uma revolução.

terça-feira, 31 de março de 2020

Tesão em tempos de Quarentena

Se for amor, amém. Se for tesão, também. - Já Foste


- Só o fogo no rabo que tá demais.
- Nem me fale. Acho que já to com tendinite de tanta masturbação.
- Hahaha. Engraçadinho. Meu vibrador já acabou até as pilhas.
- Haha. Que delicia. Tudo que eu queria agora era um sexo apocalíptico, aqueles que parece que a gente vai morrer.
- Para com isso hahaha não poder transar pra mim já é o fim do mundo.
- É serio. Não tem aquelas pegadas gostosas? Aquelas que você beija tranquilo, desce devagar cheirando o pescoço perto da orelha, dá aquela respirada ofegante no ouvido, chupa o bico do peito, depois dá aquela lambida gostosa na buceta de baixo pra cima que chega o corpo torce. Entao. Sem contar as metidas ritmadas, pele com pele, parece que a alma toda se arrepia congelada. Aquele beijo na nuca, dedos nos cabelos, boca entreaberta, o apertar a bunda, morder as costas e aquele ângulo que você vê o outro que chega falta o folego. Saudades daquele sexo quase tântrico que a alma falta saltar pra fora. Quem consegue ficar tanto tempo sem transar?
- Hahaha. Sei como é.
- Vamos nos ver depois que isso tudo acabar? Só pra praticar a teoria mesmo.
- Com muito prazer.
- Vou agora se quiser. Sex delivery.
- Hahaha. Fica em casa, perigoso sair. Tesão tortura mas não mata.
- Verdade hahaha.
- Obrigado pelo conteúdo. Na masturbação das 17h vou utilizar.
- Das 17h?! Haha
- Logico. organização é tudo quando o assunto é não pirar. Depois a gente continua nosso assunto. Lembrei que tem pilha no controle da televisão. Beijos
- Hahaha. A vida anda perigosa. Quando não é um vírus fatal, é um tesão mortal. Beijos
dois traços cinzas sem leitura.
A gente ainda vai morrer de tesão.

sábado, 28 de março de 2020

Ninguem Ensina Humanidade na Escola

Descoberto o esqueleto de Lucy, que teria vivido há 3,2 milhões de ...


Não se ensina Humanidade na escola.
Os Homo Sapiens, ou Homem Sábio, surgiu a uns trezentos mil anos atrás. Desde então crescemos cada vez mais. Extinguimos outras seis especies Homo e nos tornamos imbatíveis na arte de conquistar. Criativos, abstratos e dotados de uma esplendida capacidade de raciocínio, aproveitamos cada parte de nosso corpo para própria evolução. Durante boa parte desse tempo fomos semelhantes a qualquer animal, instintivos,famintos, lutando pela sobrevivência. Depois melhoramos um pouco. Nos organizamos, entendemos a necessidade do grupo, de controlar o medo e tudo que o momento nos pedia, porque é isso que os animais fazem, se adaptam para não morrer. Hoje, 300 mil anos depois, fazemos terapia, ioga, adoramos deuses, estudamos e nos tornamos cada vez mais “humanos”, sempre respeitando a ética e moral para o bem comum.
Eu nunca entendi a relação de "ser mais Humano" com "ser mais evoluído". Como se a humanidade fosse algum tipo de estagio superior da nossa especie. Nós dizimamos milhares, inclusive nossos semelhantes, consumimos tudo que alcançamos no planeta e ainda matamos especies iguais a nós. Um discurso batido e repetitivo, mas acredite, já faz algum tempo que nosso comportamento é o mesmo. Porque?
Eu não sou de direita, esquerda, centro, minoria, burgues ou proletário. Não acredito na paz universal nem que um dia tudo vai ficar bem, deuses então, cansam minha mente, mas decidi fazer o possível pra ser menos Humano. Menos instintivo, egoísta e medroso. Aprendi o papel das emoções internas e da sociedade que me envolve. Consegui entender a necessidade de uma boa politica e das crenças universalistas. Desde que me percebi Animal, entendi que a evolução não era continuar sendo Homo, mas sim Sapien. Tente ensinar um cão a usar o banheiro social e a dar descarga, acredito que a evolução é mais ou menos isso. Lutar contra nossa natureza e contra tudo que já estamos acostumados. O problema é que estamos presos no banheiro e só sabemos latir.
Me pergunto o que mais vai ser preciso pra que entendamos que não da mais pra ser Humano? Os mamutes foram substituídos por números numa conta, as cavernas por lares aconchegantes e os desenhos na parede viraram fotos em redes sociais. Mas uma coisa não mudou; nós ainda queremos mais. E se preciso for, vamos continuar matando nossa própria especie, porque como animais, ainda temos medo e vivemos lutando contra qualquer um que ameace nos tirar a vida, mesmo que só uma parte dela. O instinto, mesmo coberto por uma camada de etiquetas e talheres organizados, ainda fala mais alto nos nossos genes.
Dinheiro é bom, mas assim como os mamutes, se você não dividir apodrece. Ter segurança é importante, mas você precisa do outro pra isso, pois a lei da selva atual não perdoa quem anda só. Tentar ser feliz é fundamental, mas ninguém é feliz sozinho, faz parte da especie Homo. Respeitar a historia e aprender com ela é o único caminho que podemos tomar. Devemos respeitar o outro Homo porque o sucesso da caça e do grupo depende de todos e não de alguns.
Se reconhecer Animal é o primeiro passo para a sabedoria de fato.
Quando a Humanidade começar a tentar ser mais Sapiens, talvez isso tudo mude, porque o caminho pelo qual estamos indo é o mesmo de qualquer vírus que, na vontade de sobreviver e multiplicar, destrói seu hospedeiro sem respeitar seu ultimo folego de vida.
Mas não se culpe, ninguém ensina Humanidade na escola.

terça-feira, 10 de março de 2020

Normalidades

Resultado de imagem para sala de policia para interrogatorio


- Diga seu nome e idade.
- Eduardo…
- Olhando pra câmera por favor.
- Eduardo Santana, 33 anos.
- Por favor, peço que não se mova muito ao falar – ruido do zoom da câmera – essa luz aqui vai acender e após minha apresentação peço que repita seu nome, idade e pode começar. - Luz vermelha – Sanatório Nacional de Brasília. Vinte e um do seis de mil novecentos e setenta e oito. Paciente zero, quatro, três.
- Eduardo Santana, 33 anos – respiração profunda – eu não sei como cheguei aqui…
- Por favor, só comece.
- Ok.
“Eu não me considero alguém especial. Minha casa era de telha ruim onde chovia gotas sem fim em panelas velhas de alumínio que ficavam espalhadas pelo lar. Talvez esse seja o melhor resumo sobre minha vida. Gotas sem fim e panelas barulhentas espalhadas por todo lado. Não melhor que uns nem pior que outros. Apenas mais um. Algumas pessoas não entendem porque fiz, o que fiz – pausa – eu tenho certa dificuldade em entender elas. Na verdade eu tenho dificuldade de entender muita coisa. Umas eu desisti, e as demais são inúteis demais para ocupar meus pensamentos. Acredito que é isso que acontece aqui. Uma das leis não descobertas ainda é a Lei do Foda-se. O fato de algumas coisas estarem tão obvias e não serem resolvidas me obriga a pensar que os responsáveis por isso, tem total incapacidade braçal e mental pra entender a facilidade e urgência de alguns casos. Se utilizando assim da Lei básica do Foda-se. Eu não to nem aí, é irrelevante, foda-se. Temos casos muito simples. Tipo, porque ainda somos animais desesperados pelo poder? Se a redistribuição da renda mundial facilitaria de fato a solução social, politica e mundial de uma boa parte da humanidade, porque de fato não fazemos? Porque mesmo tendo consciência dos maus da religião e de todo o resto dessa conversa espiritualística, ainda fazemos o que fazemos? Nós matamos, exploramos, humilhamos, invadimos e estupramos culturas e espécies inteiras mesmo com as vistas na verdadeira solução. É doença e guerra civil pra dar com pau. Abuso de minorias e perseguições absurdamente criativas. Todos problemas de fácil solução. Digo fácil, mas não rápido. E é ai que a gente se perde. Quem quer esperar tanto tempo? Quem quer arriscar perder quando se joga com a segurança financeira, psíquica e social? Dividamos as terras, distribuímos racionalmente o dinheiro, ajudemos os órfãos e imigrantes, sejamos capitalistas de fato. Um capitalismo onde se pode consumir, não mais como gafanhotos, e sim como abelhas ou formigas. Sei lá. A imaturidade dessa estrutura egocêntrica é espelho das engrenagens minúsculas que fazem ele continuar atrasado como está. Imaturidade essa fortalecida pela construção genética de sobrevivência, que desperta a essência de todo esse mal; a ganância desenfreada e o exagerado medo da morte. Nosso mundo nada mais é do que reflexo de seres humanos com sérios distúrbios mentais. Um freudiano culparia a paternidade ausente, um marxista a família falida, um deísta a ausência divina e eu só acho burrice mesmo. Olhar todas as crises globais é basicamente a mesma coisa que olhar para as micro crises pessoais. Indivíduos estranhante desequilibrados e carregados de pensamentos e construções impostas por sua realidade cega. Cega pois também causamos e mantemos conflitos desnecessários dentro de nossas minúsculas bolhas sociais. Problemas que podem ser resolvidos com a verdade, bem dita e sem interferenciais ridículas herdadas por acontecimentos que já deixaram de ser relevantes. Relacionamentos abusivos entre amantes, parentes, amigos e vizinhos. Desrespeito com as escolhas de sexo, crença ou a porra de um time de futebol. Olhares tortos para a especie que escolheu outro do mesmo sexo para dividir risos e orgasmos eternos. Mini guerras civis travadas entre amigos e famílias que discordaram de pequenos detalhes da vida, causando um pandemônio sem fim de traumas e culpa. Um jogo de responsabilidades onde o outro que é sempre causador das dores da minha alma e ditador de meus sentimentos. São todos idiotas. Porque não param? O que pode ser maior do que o sacrifício pela paz? Sacrificar o ego, as certezas e tudo isso que cultivamos com tanto carinho durante todos esses irrelevantes anos de nossas vidas, é tão apocalíptico assim? É onde digo que algumas coisas eu não entendo. A burocracia politica invadiu nossos corações. São oficios demais para serem preenchidos e quem nos atende é um funcionário do governo puto com seu serviço de merda. Então é isso, se me perguntarem porque matei todas aquelas pessoas a resposta seria essa; não tenho paciência pra gente burra. O fato de odiar goteiras também me prejudica”

Eu, pessimista?!

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Algumas pessoas me acham pessimista diante a vida. Eu não sei se usaria essa nomenclatura. Não é que eu duvide da humanidade. Só acho que somos egocêntricos demais para entendermos nosso papel nesse mundo. Após milhares de anos padecendo as torturas da natureza, conseguimos nosso auge na escala evolutiva. Nos tornamos seres conscientes de si. De uma maneira um pouco diferente das outras especies conseguimos subjugar o mundo ao nosso redor. Você não vê uma vaca mandando uma raposa caçar emprego ou fazendo trocas comerciais para uma melhor relação entre as partes. Muito menos um ganço elucubrando sobre os sentidos da existência. Mas os humanos não, nós dominamos por anos um planeta inteiro, decidindo quem vivia ou quem morria.
Instauramos governos, chefes. Criamos deuses para depois assassinarmos um a um pela pela literatura filosófica cheia de ética e desavença. Criamos castas, classes e tudo mais para depois darmos algum tipo de grau para dividir o grande do pequeno. A luta frenética pela sobrevivência nos tornou religiosos, e com medo da morte criamos salvadores pra nossas almas. Crentes que toda essa batalha épica pela conquista final, coisa também que nem sabemos o que é, os levara para uma segunda fase. Não os culpo, é o que fomos programados para fazer; dar o próximo passo. E é ai que digo que somos os dinossauros da vez. A capacidade criativa humana transcende qualquer debate atual. Porque tao capazes e tão tolos?
Porque ainda brigamos por terra, comida, direitos, saúde, educação, paz? Porque ainda brigamos pra sobreviver? Qual o sentido disso tudo? E não vou nem citar o acumulo e consumo de capital financeiro mundial, dinheiro esse que mais da metade nem existe. Tudo garantido por números digitados num computador e guardado em algum servidor de algum país civilizado como a Suíça, quem nunca nem participou de uma guerra porque tem o Banco Central dos Bancos Centrais no seu território. Afinal, quem quer brigar com o coleguinha que banca o rolê?
Mas e a consciência? Porque mesmo sabendo de tudo isso, fazemos o que fazemos? Como ser feliz e consciente ao mesmo tempo? Ignorando as vistas e vivendo suas vidas?
Diante dessas questões minha única resposta é a ignorância. Seres que não descobriram que o seu papel nesse mundo é dar o próximo passo, evoluir, seja la como for, garantir a eternidade da raça independente de qualquer coisa e sermos melhores de verdade uns com os outros, podem se apegar a esperança que for que nunca vão ser eternos.
Então não sei se diria pessimista, talvez um pouco cético, acreditando que um dia isso que vocês chamam de esperança também me convença e que os indivíduos que um dia acharam que o sol girava em torno deles, parem de pensar que o universo foi feito para os servir e que o tempo de discutir isso já passou. Estamos sendo consumidos e consumindo, mais de sete bilhões de chamas queimando e incendiando sem parar. Sinto dizer que os deuses terão pouca participação no nosso fim. Seja ela material ou filosófica, como divinos criamos nosso próprio paraíso e agora estamos tacando fogo em tudo, e como ninguém me garantiu nada ate agora, sigo meu caminho. Não pessimista, mas deus de minha própria galaxia.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O Amor é Clássico

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“Do jeito que você fala faz parecer fácil. Mas tem algo a mais. Te dar um exemplo; sabe aquelas sensações que a gente não consegue explicar? Tipo o “nossa que beijo fofo”. Beijo fofo? Que porra é essa?! Entende? É aquela sensação que você sente la na lembrança. Não tem uma nomenclatura pra isso? Enfim. É isso. É fácil deixar de gostar daquele tesão que a pessoa te dava com trejeitos cotidianos? O jeito de falar, olhar. Ou aquela certeza crente quando defendia seus ideais sociais. Que delicia. As particularidades. Todo mundo ama isso em todo mundo. Manias casuais que carregamos e distribuímos por ai sem ao menos notá-las. É difícil explicar. Não se trata de esquecer aquela voz… olha ai, tenta entender; “aquela voz de uma novela italiana da década de sessenta”. Eu amo os Italianos. Então, é poético. Alguns amores só a arte consegue explicar. Não estou sendo romântico, falo com total racionalidade. Então, meu caro, fica difícil. Me desculpe mas não dá. As vezes ela comia de canhota apenas para “treinar o cérebro”. Vez ou outra a deslumbrava realizando seu feito nos jantares por ai. Transaria facilmente ali mesmo, em meio ao espaguete e farofa temperada. Por que eu deixaria de gostar disso? Sinto que meu espirito se saboreia com um pudim quando isso acontece. você tá entendendo o que eu to falando? É isso, alguns amores são clássicos. Transitam pela nossa continuidade. Acho que o amor passa tao rápido que só da tempo de pegar os detalhes, e talvez isso seja tudo.”

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Projeto Divino

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- Então gente, é a Terra – disse Olodumare no plenário dos Deuses.
Odim se acomodou tranquilo e calou-se. Aton soltou um ar pesado e entediado enquanto Yavé se ajeitava logo no fundo chamando a atenção. Eram milhares.
- Não vai dar – continuou – todos vocês que estão aqui reunidos, Jesus, Buda, Neiva, Maomé, Atman, Tao e vários outros deuses independentes de sua categoria tentaram e avisaram - “Insetos”, resmungou Poseidon ao lado de Iemanjá que o olhava com deboche – vamos ter que encerrar o projeto.
Exu cutucou Shiva que brincava distraída com sua cobra, “eu acho que já fez foi passar da hora”, concordou com um sorriso fino
– Eu já cansei disso la atrás – disse Jesus – quando eles acharam que era pra sair matando todo mundo? Eu falei Amor gente. AMOR. Vocês ouviram também. Onde que entra facada e pancadaria?
“A culpa é dessa sua personalidade tripla”, gritou Huitzilopochtli malicioso.
“Desculpa, acho que não te ouvi. Deve tá te faltando fiéis”, retrucou Yavé vingativo como de costume, logo seguido por Osiris “por mim foda-se, eu já sabia onde ia dar”.
- Não devemos ser tão radicais – respondeu Olodumare tentando fingir importância.
“Radicais”?! - começou Ades – minha vida tem sido um inferno desde que isso tudo começou.
“Concordo!”, gritou Lúcifer tentando ser ouvido.
- Então beleza – prosseguiu Olodumare – vamos de Apocalipse ou Ragnarok?
Todos se olharam meio pensativos…
“Só explode tudo e acaba com essa merda”, sugeriu Rá.
- Ótimo! - Olodumare já se entediava – Gaia, da um jeito pra gente? Aquece, explode, implode, faz o que quiser. Se alguém reclamar fala que a gente vai lançar uma melhor.
“Gosto de chamar de aquecimento global”, respondeu.
- Ta. Beleza. Legal. - prosseguiu Olodumare – Alguém quer falar algo?
Se olharam egocêntricos e sem interesse.
- Ótimo. Recesso de um milênio. A gente volta depois e vê o que faz.
“Que bom que acabou – resmungou Jah – to numa larica do diabo”.


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Detalhes

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Eu gosto das jogadas de cabeça em meio a gargalhadas.
Do cheiro de pescoço sem perfume.
Do enroscar os dedos no cabelo.
Me fascina o jeito de andar, as passadas batidas.
O abraço solto devagar.
Gosto de sentir o olhar secreto, infantil.
Gosto de costas nuas.
De lábios macios.
Da fala certeira, sem medo de si.
Gosto da inteligencia afiada e das informações inúteis.
Do silencio esperto.
Eu gosto do ciume gostoso, de lealdade.
Gosto de beijo no olho e massagens na orelha.
Eu gosto do que é pouco,
Do que é tudo,
Do que é muito.

Sexo Bom


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A gente só quer alguém do sexo bom.
Aquele que manda flores,
Que pega as referencias..
Que da pra apresentar pra família.
Aquela chupada descente,
Que pergunta se tá bem,
Que ri das piadas sem graça
E que esquece que a gente é meio desastrado.
Sexo bom é aquele que começa do nada,
Tipo convite pra sair
Ou um “vem me ver” no sol a pino.
Abraço encaixado no cinema.
Sexo é igual cafuné.
Tem que ter compasso, contexto.
Tem que ter vontade, jeito.
A gente quer gozar bem.
Com os olhos, com a pele, com a fala.
A gente quer aquele sexo tântrico.
Diário, contínuo e surpreendente.
Sexo da pegada gostosa,
Com lanche surpresa e passeio no parque.
Bilhetes escondidos e beijos na testa.
A gente quer orgasmos.
Orgasmos diários de vida,
Metafisico, transcendente.
Sexo é cientifico
Desvenda o espirito
Tira nossas forças, treme as pernas.
A gente quer transar, dançar, trançar.
A gente só quer alguém do sexo bom.

Plumas, penas e prisões

  - ... três meses de prisão preventiva.. O promotor vestia esses lenços pretos no pescoço, uma espécie de babador ao contrario. Faltava-l...