quinta-feira, 13 de julho de 2017

Últimos Segundos

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A morte me parece muito mais doce neste momento. Lhe explico.
Estou com o cano de uma pistola dentro da minha boca e o com meu polegar no gatilho. Tomei alguns remédios, mas tudo que me deram foi uma tremenda dor de estômago. Malditos suicidas que não deixam essas partes claras pra gente que vai logo depois deles. Enfim, consegui essa arma com um colega e até então só a tinha para futuros assaltos em minha residência, que digo de passagem não tem nada de valor, então não sei bem porque peguei esta maldita ferramenta de matar, talvez já premeditasse inconscientemente meu fim.  
Nunca pensei que fosse ser um suicida, muito menos que aceitaria a ideia tão tranquilamente. Passei pelas fases comuns de todos eles e cheguei ao estagio final, a falta de vontade de viver. Como todos eles, também  tenho um motivo consideravelmente idiota para por cabo da minha vida e isso me dificulta nesse momento, pois não quero ser lembrado como um idiota. Não deixei recado nem liguei para ninguém, talvez deem minha falta daqui uns dias, quando meu celular parar de receber as ligações e alguém pensar em algo pior, o que também é difícil, pois nunca deixei pistas da minha atual situação.
“Então porque esta dizendo tudo isso?” você deve estar se perguntado. Me faço a mesma pergunta. Não existe um discurso especifico para o que vou fazer. Não há nada de heroico ou certo e meus motivos não são melhores do que os dos milhões de outros que tomaram o mesmo rumo que o meu. Não existe razão, amor, motivo, família, decepção ou qualquer outra coisa que justifique tamanha atitude. Talvez a falta de motivo seja um dos motivos, o que também não seria nada inédito, pois creio que a maioria se vai com as mesmas ladainhas.
O que espero com tal atitude? Esquecimento. O total e belo esquecimento. Aquele esquecimento que trás algumas lembranças na mente das pessoas; “ele era tão bom” ou algo como “nunca vou esquecer de suas piadas”. Talvez não tenha esse retorno, mas seria interessante se fosse o caso. A vida tem sido um pandemônio sem fim, aboleto-me a ideia de que só é possível suportar as dores da alma de uma vida “viva”, negando total realidade assertiva dos males do mundo, e isso meu caro, é de ampla dificuldade para minha pessoa. Meu fim não é melhor nem pior do que o de qualquer outro, é apenas um fim. Um bocado de carne que vai parar de trabalhar incansavelmente para se manter respirando e com saúde.
Enfim, tu que me ouves, de tudo que tenho pra dizer quando se chega ao fim da vida é; não, toda sua vida não passa na sua frente. O que é um tanto decepcionante já que queria relembrar alguns momentos bons para que eu pudesse repensar minha atitude. No demais, não há nada de mágico ou causa maior. É simplesmente o fim como deve ser. Vou agora, na esperança que sirvam pelo menos Pães de Queijo em meu velório.
Celular vibra do meu lado; “Open Bar hoje, borá?!”
Droga, mortos não bebem. Largo a arma na cama, pego a jaqueta e o celular; “To chegando. Hoje eu quero beber até morrer”.

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