terça-feira, 11 de abril de 2017

Suicida

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Abriu os olhos um pouco sem vontade, checou o celular; “to de bad, preciso dos seus conselhos”. Vez ou outra ela recebia esses “bons dias” de algumas amigas. Levantou, escovou os dentes, se arrumou e saiu pra sua rotina diária. No caminho ate o ponto de ônibus cumprimentou o vizinho e o mesmo devolveu um sorriso meio amargo. Alguns indivíduos não são muito bem humorados de manhã. Na espera pelo ônibus, as pessoas ao redor pareciam ter sido despertadas de um filme zumbi. Ônibus lotado. Teve que ir em pé como já estava acostumada. Era triste ter a visão de todos ali. Alguns repousavam suas cabeças na janela com a mente vaga e o olhar perdido. Uma moça não gostava do que lia no celular fazendo-a guardar o aparelho decepcionada e limpar as lagrimas que ainda começavam a sair. Que dor poderia ser tão forte logo cedo? No trabalho mal sentara na cadeira e sua colega ao lado lhe dava as boas vindas; “Odeio esse lugar, vou me jogar daqui de cima”. Abriu a rede social antes do batente e foi descendo a página de posts. Entre fotos e eventos, as frases de autoajuda e desabafos depressivos eram o que mais se lia. Porque o mundo esta tão infeliz? – se perguntou.
“Cadê você?”, sua amiga ainda esperava resposta.
Na volta pra casa observou a irritabilidade do porteiro, a fome do mendigo, a reclamação de seus companheiros, a raiva do motorista, a pressa do jovem, o desamor dos namorados, as lágrimas ocultas dos pedestres e o noticiário de guerra na televisão da padaria. Todos ocupados demais em seus sofrimentos. O mundo parecia se afundar no desespero total e parecia que não existia remédio contra tudo aquilo.
Chegou, largou a bolsa no sofá, tirou seu casaco, descalçou os sapatos e se jogou na cama. Um choro meio sem querer chegou. Alguns minutos depois levantou e foi em direção ao armário da cozinha. Celular vibrou; “Se você não me ajudar vou morrer amigaaa”. Na porta pequena do tinham alguns remédios. Pegou uns quatro comprimidos de cada caixa, até dos com a tarja preta sem saber suas funções e com um copo de água engoliu dois a dois.
Pegou o celular e respondeu; “desculpa, dia corrido. Pode dizer”. Suas vistas escureceram e caiu ali mesmo no chão da cozinha. Boca espumando e convulsiva. Celular vibrou;
- “Graças a Deus amiga, onde você tava? To desesperada precisando da sua ajuda. Você acha que sou igual você, que consegue ficar de bem com tudo e com todos?” – não houve resposta.


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