domingo, 5 de fevereiro de 2017

Panda Assassino...

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La estava ela, seus olhos já vermelhos de tanto chorar agora estavam apenas marejados e olhando para fora do carro. Ele não entendia como tudo chegou naquele ponto, tanta felicidade juntos pra no fim se resumir sentados discutindo o fim em uma rua escura.
Sempre foi linda, ele a observava calado, triste e decepcionado sabendo que uma boa parte da culpa era dele, sempre foi.  Ela não queria olhar para ele, firmava seus olhos em algo la fora como se estivesse ao lado do saqueador de sua aldeia. E no fim talvez era. 
Sua vontade era de pedir perdão loucamente ate que adiantasse alguma coisa e os dois permanecessem aquilo que não se tinha nome ou definição, mas que era bom, pelo menos pra ele, pois pra ela havia sido um tempo de tortura e solidão.
Durante todo tempo ele tinha sido algoz de sua alma. Infelizmente se tocou disso apenas naquela noite. Como um exercito de ocupação invadindo uma cidade sem total respeito ele havia destruído construções e vontades dentro dela. Era triste saber que o amor e o ódio andam na mesma corda bamba, tentando derrubar um ao outro. 
Naquele curto tempo lembrou de tantos momentos maravilhosos juntos e aqueles pensamentos que eram tão prazerosos se tornaram pesadelos dentro dele, “como pude” se questionava olhando ali para aquela silhueta ao seu lado. Tudo que ele sempre quis estava prestes a virar as costas e dizer adeus. Ir embora para outros braços, outros beijos, outro que daria tudo que ele incompetentemente não conseguiu dar. Era triste.
A angustia é um sentimento cruel. A sensação de uma faca estar penetrando seu peito sem encontrar nada la dentro, o vazio silencioso e infernal da alma sem saber o que fazer. Era um sentimento de assalto, como se alguém houvesse levado tudo que havia dentro de si. A sensação de que o oxigênio esteja indo aos poucos. De estar dentro de uma caixa completamente desesperado e claustrofóbico. De todas surras que já levou na vida, talvez aquela era a mais dolorosa.
- Quer falar mais alguma coisa? – disse ela virando e olhando para ele como se ele fosse como todos os outros, normal.
- Me desculpe – respondeu.
Ela o olhou pela ultima vez, não dava pra saber se era raiva ou decepção, abriu a porta e se foi.
A sua imagem ia sumindo, indo embora com total convicção do que queria, e ele, completamente perdido e agora sozinho. Se era amor ou abandono, não sabia, mas decidiu nunca mais ter esse sentimento novamente.
Ali no escuro sozinho olhando pela janela, o silencio da noite era uma companhia ótima. Sua alma já não sabia mais o que sentir. “Como pude?”, se questionou novamente. E se não existisse o medo? Se ele tivesse falado tudo que sempre quis? Se naquela noite de amor o “eu te amo” tivesse saído da ponta de sua língua? Se não fossem tantos processos para obedecer, daria certo? Não importava mais. A dor que havia ficado no lugar dela era como entrar num lago gelado e ficar somente com a cabeça pra fora tentando respirar. Encostou a cabeça no volante e deu um ultimo suspiro choroso.
Uma batida no vidro do carro e ele levantou a cabeça esperançoso. Um homem armado e vestido com uma blusa estampada com o que parecia um panda mandava ele sair. Ele ficou imóvel olhando aquela imagem através da vidro sem se importar com o desespero de seu assaltante.
Desceu devagar e ficou na porta olhando com olhos vagos para seu carrasco. “Me da a chave se não te mato”, disse o assaltante apontando a arma para sua cabeça.
Ele deu um passo a frente devagar, encostou a testa na arma e disse;
- Meu caro, de todos os tiros que levei hoje, esse será meu acalento. De todas as ameaças essa será uma declaração. Não se pode dar fim no que não existe mais. Lhe darei a chave em troca de um simples favor. Seja meu redentor e livre minha alma dessa triste realidade de desafetos e desprazeres. Lhe garanto que o favor que fazes não será contado como pecado no dia do juízo, pois por fim em uma alma dolorida é melhor que deixa-la vagar sem sentido.
De nada adiantou. La estava ele, em pé, olhando o carro sendo levado por um desconhecido.

Não sabia se havia morrido ou não, pois o sentimento de insignificância e não existência era o mesmo e era assim que viveria pelo resto de sua vida, pelo menos ate o próximo assalto.

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