quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Filosofia de Butikin



 

Precisamos ser super tecnológicos pra ser super filosóficos.

Sabe essas fotografias onde você está numa cadeira amarela de plástico, com um copo americano suado pela cerveja de um litro que você pagou dando graças a deus que era só onze reais, enquanto segura um cigarro de procedência duvidosa entre os dedos na outra mão. Colegas gesticulavam assuntos políticos e religiosos, trafegando entre inteligências artificiais capazes de responder questões muito melhores que seres humanos. Sistemas de computadores, criados por sapiens, conseguiam agora criar peças complexas como a de Shakespeare e até resolver questões amorosas. Máquinas cada vez mais inteligentes, e com potencial de desenvolvimento emocional muito maior que a maioria de alguns humanos.

Quando tudo que eu puder ser ou fazer, for feito melhor por alguns zeros e uns, quem será eu? Se um braço robótico programado pra ser perfeito, recolheu informações de todas as cirurgias do mundo e no final criou a melhor maneira de realizar uma outra mesma cirurgia, por que não deixar fazê-lo? Quem será você, quando eu puder te copiar pra internet?

Os filósofos devem rir em seus túmulos. O “Conheça-te a ti mesmo” nunca foi tão neofuturista. A humanidade desfrutando do seu auge de capacidade tecnológica, se ocupa em responder uma questão discutida a milênios: Quem sou eu no jogo do bicho?

Deveriam existir igrejas dedicadas a Sócrates, Nietzsche, Da Vinci, Steven Spilberg... O apocalipse chegou e apenas as mentes pensantes vão sobreviver. O mundo carece de identidade pessoal, enquanto competem por vagas que facilmente são ocupadas por aplicativos mais eficazes ou por robôs autônomos que custam três vezes menos e são cinco vezes mais rápidos. Tipo o Wall-e.

Depois de tantas revoluções, chegamos a Revolução Futurista. Quer viajar? Tem óculos hiper realista e fones de super potencia que vão te transportar pra um universo desconhecido, numa espécie de viagem de LSD, com a opção de tirar o óculos.

Tive meu pensamento interrompido pelo gesticulador com um “o que você acha?” e retruquei com o bico ainda molhado.

- O quadro mais caro do mundo, foi pintado por Leonardo Da Vinci. Um gênio dez vezes maior que qualquer um antes ou depois dele. Uma ironia trágica e hilaria, pois o quadro é o retrato de Jesus. O cara, a mais de quinhentos anos atrás, já pensava em helicóptero, metralhadora, viagem espacial, cirurgias complexas, por vezes resumido a La Gioconda, tem hoje uma das Artes mais valiosas do mundo, e é a foto do Criador. Eu ainda acho que a seleção natural só mudou o método, mas a selva é a mesma. E no final a pergunta é sempre a mesma: Quem sou eu no jogo do bicho?

Nenhum comentário:

Plumas, penas e prisões

  - ... três meses de prisão preventiva.. O promotor vestia esses lenços pretos no pescoço, uma espécie de babador ao contrario. Faltava-l...