domingo, 3 de outubro de 2021

QUEM NUNCA...

 


O surdo batia forte do meu lado quando eu vi ela comprando a ficha da cerveja do outro lado da roda, bem atrás do panderista dançante, que cantava com um coral de copos de cerveja e abraços, no bar do Piauí no centro da capital do país.

“ÊTA VIDA DE CÃO...”

Eu me apaixonei.

“... OLHA MEU AMOR ESQUECE A DOR DA VIDA...”

Ela sambava com um sorriso solto. Meus ouvidos quase podiam ouvir as gargalhadas de longe, atravessando os microfones e as declarações de amor de pessoas alcoolizadas num pagode muito bom. O cavaquinho chorava nervoso e o pé dela consolava num samba empolgante. Nem a conhecia e já queria apresentar para a família.

“... CHURRASCO NA BRASA, CERVEJA GELADA...”

A perdi de vista.

“PESQUISO SAUDADE, SÓ DA VOCÊ...”

O bar fechava. “Perdi a mulher da minha vida...” lamentava completamente alcoolizado a um amigo.

- É meu caro – disse ele filosoficamente bêbado – tem que ter coração pro pagodão.

“...PÉ NA AREIA, AGUA DE CÔCO, BEIRA DO MAAAR...”

Nenhum comentário:

Plumas, penas e prisões

  - ... três meses de prisão preventiva.. O promotor vestia esses lenços pretos no pescoço, uma espécie de babador ao contrario. Faltava-l...