quinta-feira, 13 de junho de 2019

CONFESSO

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- Ela era linda doutor. Seus lábios eram carnudos, olhos profundos e grandes. Cabelos brilhantes como uma noite sem lua e de uma sensualidade deliciosa, se é que o senhor me entende. Nossos dias eram intensos. De manhã ela me acordava com um sorriso e um cafuné. Vez ou outra ouvia seus passos pela casa a procura de algum objeto inútil que ela já não sabia mais onde estava de tanto que era desatenta. Tinha um trejeito com as mãos quando ficava nervosa e seu olho flamejava de felicidade quando algo a fazia feliz. Acredito que seus pés ainda seriam lindos mesmo se todas suas unhas caíssem. Eu amava aquelas bochechas, aquele sorriso, aquele andado forte e compassado. Ela tinha risos, sorrisos e gargalhadas. Cada uma para seu devido fim e momento. Vez ou outra se confundia entre um personagem e outro, mas sempre no equilíbrio de sua própria loucura. Os cabelos da nuca eram aveludados, seios que pareciam gotas de orvalho pra uma boca desértica. Dedos finos, mãos grossas e mente afiada. Passarias horas aqui, com mais de cem motivos pelo meu encanto por ela, e ainda sim não seria possível descrever tudo que ela tem em si. Perfeita como pudim no almoço.
- E porque o senhor a matou?
- Porque eu a amava seu doutor. O amor tem dessas coisas.

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