Depois de quase dez anos a
encontrei em uma rede social. Conversamos um pouco e decidimos nos encontrar. Uma
sorveteria foi o local escolhido, eu sugeri um almoço, mas “conversar
mastigando é ruim demais” segundo ela.
Nosso relacionamento durou quase
dois anos e deixo ao seu critério descobrir os motivos do término. O tempo que
ficamos juntos foi ótimo. Morena dos lábios finos e uma voz suave, na época era
uma princesa pedindo cuidados. Já havia visto todas as suas fotos na internet e
ela ainda estava linda, o tempo até ajudou um pouco. No caminho para o
encontro, me subiu um nervosismo infantil. A ideia de reencontrar alguém que já
fez parte da sua vida faz pensamentos ridículos passarem pela nossa mente. Talvez
fosse como nos filmes; anos sem se ver e no primeiro olhar o coração queima com
uma paixão adormecida e uma nova história se inicia. Confesse, você também pensaria
isso.
Cheguei primeiro e fiquei sentado
mexendo no celular.
- Oi?!
Levantei a cabeça e disfarcei a
surpresa. Estava maravilhosa. Um corpo magro muito bem desenhado, cabelos pretos
longos, um perfume doce que eu me lembrava bem e um rosto pouco maquiado com um
batom vermelho destacando as ondas de sua boca.
Pedi o sorvete e começamos a
conversar. De inicio foi meio constrangedor mas as risadas foram dando espaço a
liberdade. Falei sobre os rumos que minha vida tinha tomado até ali e perguntei
como ela estava. Secretária, estudando pra concurso e formada em direito. Ainda
morava na mesma cidade que nos conhecemos, com sua mãe e padrasto. Falamos do
nosso tempo juntos como se fossem outras pessoas. Assuntos delicados eram acompanhados
por uma mão no rosto e um “ai meu Deus, que vergonha” ou um “como eu era
infantil” e uma risada ridícula no final. Foram quase duas horas de “você ainda
continua ridiculamente hilário” e “esse mundo gira mesmo”.
Levei-a até o seu carro, abri a
porta e dei um abraço de despedida. Ela entrou e se foi. Não houve beijo, nem
olhar magnético. Pássaros não cantaram ou um toque de mãos sem querer ocorreu. Ao
contrário do que pensei, não fiquei com borboletas na barriga nem com o peito
ardente. Os dois já estavam cansados de relacionamentos rasos e não precisávamos
mostrar mais nada um pro outro.
Não acredito que nos veremos
novamente, mas o reencontro com o passado revela muito sobre o porquê somos
quem somos. Éramos perfeitos um pro outro e graças a Deus a vida nos separou,
para sermos perfeitos para nós mesmos.
Quando ela virou a esquina balbuciei;
- Terminar, tambem é um final feliz. Triste, mas feliz.
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