Aquele choro
sofrido e eterno debaixo do chuveiro, um soluço descompassado e sem fim. Como é
triste quando o Amor não quer ir!
Sentimento de casa
vazia, a cama agora tem muito mais espaço, os planos mudaram completamente e
todo mundo sabe que não tem mais volta. Mas aquele sentimento ainda permanece
como um móvel velho que a gente sempre deixa pra tirar e levar pro porão mas
nunca cria coragem. O amor é um sentimento teimoso; dizemos pra ele que já era,
que acabou, que tudo findou e ele continua lá firme e forte como um vírus letal
trabalhando para tirar nosso último suspiro.
Quando o amor pega
suas malas, leva consigo um pouco do nosso oxigênio. Respirar se torna um pouco
mais difícil. A porta se fecha em nossa frente e a dor nos abraça com força
tentando nos ajudar. Aí vem as noites mal dormidas, as refeições não feitas, os
choros espontâneos, e a falta de sentido em tudo que se vê. É como olhar para o
céu aberto no centro de uma cidade cheia de luz. Sabemos que existe ali acima
de nós uma infinidade de estrelas a nos observar, mas lamentamos não poder
enxergar. A partida deixa um vazio e uma angustia como se alguém deixasse
apenas algumas poucas estrelas para observar, os pontos luminosos foram
surrupiados do infinito e o brilho que resta é opaco.
O amor acaba meu
caro - Temos acreditado o contrário até hoje, porém a cada dia provamos desse
tal feito. É quase uma amputação sanguinária, um sentimento de assalto. Alguém
levou o que era seu, e pior, quem levou foi seu próprio objeto de desejo. O dia
vai nascer e a lua vai crescer nas noites e não há nada que possamos fazer para
voltar atrás. As lagrimas vão molhar os lençóis noites a dentro e aquela
vontade de mandar uma mensagem de despedida vai ficar sendo ruminada, redigida
e apagada pelos dedos a todo momento na esperança de que isso mude algo, como
se o gesto repetitivo pudesse também repetir o que uma vez foi real. Mas o amor
se foi colega! Os perfumes, músicas e filmes irão lembrar; mas quando o amor se
vai, o sofrimento é o único acompanhante nas tardes dos fins de semana. Não
foram os filhos, família, trabalho e muito menos você, simplesmente ele se foi.
Acabou, acontece...
Você
vai desmoronar quando lembrar, vai procurar justificativas, culpar inocentes e
vez ou outra odiar o ex amante na esperança de que isso amenize ou reverta os
verdadeiros sentimentos.
Aceite o dom da despedida, ele traz
uma dor presente, latente, intermitente. Entretanto, no findar tudo se torna
paz, e para chegar a tal paz, você deve deixar o amor ir. Liberta-lo de seu
peito como um pássaro selvagem que desesperadamente belisca seu interior
comendo cada parte dos seus órgãos te causando um desespero assolador. É
preciso entender que isso só termina quando as grades da posse são abertas
abrindo caminho para liberdade, quando o Amor vai embora meu pequeno amigo,
aceite a solidão como parceira. Ela consola, evolui, mitiga a dor e é a única
capaz de abrir seus olhos e mostrar que algumas coisas realmente não nos
pertencem, mas nos ensinam.
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