A Saudade só existe na lembrança.
Não se sente falta daquilo que não
se lembra. Se acaso venha eu tentar definir Saudade, seria “sentimento
desgraçado que aprisiona sentimentos passados”. Explico.
É de conhecimento comum que entes
queridos fazem falta. Um pai falecido fica pra sempre na lembrança de seus
filhos ou esposa. Caso tenha sido execrável, apenas lembrança, caso contrário,
Saudade. Lembra-se dos sorrisos, beijos, afagos, piadas e até dos improváveis
defeitos como os arrotos a mesa ou os roncos na madrugada. Um amontoado de
sentimentos se resumem quando a lembrança chega e desperta uma tristeza, a
maldita Saudade. Aquela vontade de se querer ter o objeto amado, de desejar-se
verdadeiramente, mas ser impossibilitado de tê-lo. A isso chamamos Saudade.
Alguns dirão; “mas também se sente saudade de coisas vivas e distantes”. A
esses digo: Concordo! Outro motivo pela qual esse maldito sentimento deve ser
jogado nas profundezas do oceano.
Qual a função de se querer aquilo
que não se pode ter? Seja vivo ou morto, perto ou longe, desejar e não possuir
é em outras palavras estar preso aos pés e mãos a uma rocha com grilhões
pesados e na outra ponta da sala, observar um prato delicioso acompanhado de
uma maravilhosa bebida para saciar a fome e sede de seu pobre prisioneiro.
Diga-me que é bom sentir Saudade e
lhe direi que tu é mais sádico que eu. Reflita; ao lembrar de bons momentos
passados, as ideias vão se misturando numa mixórdia de sentimentos que não
voltarão mais. Não existe saudade sem dor. Sempre que refletir sobre o passado
maravilhoso de algo ou alguém, sua pobre alma ira refletir de volta uma
tristeza e uma dor singela. Curta, doce e digo até prazerosa, porém ainda será
dor.
E de todos os defeitos, esta
maldita carrega uma característica que nenhum outro sentimento possui;
Imortalidade. Não importa o que se faça, se um dia a Saudade nascer, essa
jamais morrerá. Um vírus que se alimenta de passado e alegrias. Agarrada aos
pés da lembrança, ela aguarda seu hospedeiro fielmente ser aclamado e ressurge em
todo seu esplendor para brilhar com toda sua escuridão.
Digo por fim, que maldigo esse
pérfido sentimento apenas por um motivo; Se há uma habitante em minha alma que
se deita e desperta comigo diariamente e que o conheço bem, essa é a infame e
deliciosa Saudade.
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