O surdo batia forte do meu lado
quando eu vi ela comprando a ficha da cerveja do outro lado da roda, bem atrás do
panderista dançante, que cantava com um coral de copos de cerveja e abraços, no
bar do Piauí no centro da capital do país.
“ÊTA VIDA DE CÃO...”
Eu me apaixonei.
“... OLHA MEU AMOR ESQUECE A DOR
DA VIDA...”
Ela sambava com um sorriso solto. Meus
ouvidos quase podiam ouvir as gargalhadas de longe, atravessando os microfones
e as declarações de amor de pessoas alcoolizadas num pagode muito bom. O cavaquinho
chorava nervoso e o pé dela consolava num samba empolgante. Nem a conhecia e já
queria apresentar para a família.
“... CHURRASCO NA BRASA, CERVEJA
GELADA...”
A perdi de vista.
“PESQUISO SAUDADE, SÓ DA VOCÊ...”
O bar fechava. “Perdi a mulher da
minha vida...” lamentava completamente alcoolizado a um amigo.
- É meu caro – disse ele filosoficamente
bêbado – tem que ter coração pro pagodão.
“...PÉ NA AREIA, AGUA DE CÔCO,
BEIRA DO MAAAR...”
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