Quem Sou Eu?

 

Você sabia que o violino tem alma?

É uma peça da grossura de um lápis e do tamanho de um mindinho infantil. Sem Alma, não há violino. Ela fica presa apenas pela pressão da caixa do violino e qualquer problema que atinja a peça, anula toda a qualidade do instrumento. Quando estraga, a troca é extremamente cirúrgica pois além da dificuldade de coloca-la dentro, não existe maneira certa de deixa-la dentro, ou seja, a Alma se ajusta semelhante a todas, mas nunca como todas. Complicado. Mas como saber então qual a melhor maneira de afina-la?

Aquilo que você chama de EU, é uma pequena Alma frágil e substituível, que dá o som e qualidade pra Vida. Diferente de todas as outras, mas igual em sua essência. A construção do caráter, manias e milhares de outras definições que nomenclamos pra esclarecer nossa jornada, nada mais é que cordas, tampos e trastes. A parte principal está lá dentro solta, e vez ou outra se desalinha ou muda, mas ainda assim é o que dá o tom.

Imagine que a vida é uma grande orquestra de violinos, de tonalidades, sons e ajustes diferentes. As cordas são suas certezas, os trastes suas dúvidas e as outras peças são todo o restante que você acha que “É”, e a Alma é quem de fato você É. Uma parte solta, frágil e oculta, que a qualquer momento pode não mais existir devido aos maus cuidados dados a todo o conjunto que você com sufoco sustenta.

Se ajustar aos desafinos da vida é uma atividade que exige força e resistência, mas principalmente cuidado. Ser Alma é ser livre, entender que tudo isso faz parte de mim mas quem define como o som vai sair sou Eu. Alma em latim é Ânimo, e assim como a pequena peça do violino também precisa de trocada as vezes, não se prenda ao restante. Se quebrar troque, se falhar concerte e se desafinar afine. Você não é violino, Você é Alma.

HETEROFOBIA

 

Era Janeiro de 2020 quando deu o noticiário na tv. O presidente falava com orgulho e ar de vitória, “Todos os cidadãos desse país devem ser Gays. Aqueles que não são, entrarão em processo de tratamento para se adequar à nova lei”. Era um absurdo em pleno século 21.

Depois daquele dia o caos se instalou. Héteros se mobilizavam fazendo um pandemônio de manifestações sem fim, exigindo o fim da perseguição e contra as leis opressoras. Mas eles não foram ouvidos. Após meses de lutas e mortes, alguns aceitaram calados com medo de retaliação ou até de coisa pior. Héteros eram expulsos de casa pela sua escolha sexual, apanhavam na rua, não eram aceitos em empregos e vários outros tiveram que seguir uma vida dura e difícil graças as poucas oportunidades que a sociedade dava para pessoas héteros. Sem contar as humilhações verbais como “heterozinho” e os olhares julgadores quando eles explicavam suas opções sexuais. Eles iam aos palanques; “Imagine vocês, Gays e todo resto, serem proibidos de se relacionarem com alguém só porque a sociedade disse que é errado. Imagine vocês Homens Gays, tendo que beijar uma mulher só para não ter sua vida rechaçada pela sua família. Vocês Mulheres gays sendo obrigadas a casar com homens héteros. Se ponham no nosso lugar. Nós não queremos que vocês fiquem com o sexo oposto, então não nos obriguem a querer alguém do mesmo sexo”. A carnificina após esse tipo de discurso era sempre certa.

Hoje, os heteros se escondem atrás de máscaras para não sofrer mais ainda as humilhações de uma sociedade que julga mais o sexo, do que o indivíduo. Alguns ainda estão na luta pelo direito de amar alguém do sexo oposto, outros infelizmente não tiveram a mesma sorte.

A pergunta é: Quando que eles vão entender?