Um cigarro de maconha, uma mancha de vinho no braço do sofá e
a televisão ligada na netflix. Ozark, série da vez. Assim eram suas noites já faziam
algum tempo.
Vez ou outra sempre tinha seus contatinhos prontos pra
afagar seus desejos e bater um papo nos botecos das esquinas da Asa Sul em Brasília.
Tinha até um em especial que era o que ela mais gostava. Mas ele se perdeu, “porque
você veio com esse papo torto?” relembrou.
Haviam se conhecido num aplicativo e se encontrado no Pátio
Brasil perto do que antes era a velha fonte, “não sei porque tiraram ela daqui”.
Foi uma noite “xuxu beleza”, como ele mesmo havia dito enquanto comia o resto
da comida do Panelinhas na sua frente. Ela riu, ele tinha sido muito simpático e
engraçado.
Cinema, lanches, shows, bares, sexo e mais sexo foi dali em
diante. Nasceram um para o outro. Dick e Jane, a dupla perfeita. Ela adorava
seus papos. Astrologia, politica, filosofia, trabalho, teletumbies e até aquele
desenho estranho com um menino e um cachorro amarelo. Ele era fã de Caetano mas dormia
ao som de Slipknot. Vez ou outra entrava na Saraiva só para passar os dedos nos
livros pra ter aquela sensação deles os pertencer. Ela adorava suas
estranhezas.
“Eu to gostando de você”, assim que ele fudeu com tudo.
“Qual
o problema das pessoas?”, pensou. Porque tudo tem que acabar em namoro,
casamento, filhos, noivado? Depois de algum tempo tudo que ela queria era alguém
legal pra poder curtir os dias estranhos. Nada de possíveis namoros ou coisas
sérias, só uma pessoa com seu mesmo animo. Achava que ele era assim, mas não foi.
Celular vibrou. Era ele.
“PORQUE SUMIU? TE FIZ ALGO? GOSTO DE VOCE”
Ela respondeu;
“Você é legal, mas estamos em vibes diferentes”. Pauzinhos azuis
sem resposta.
Deu uma tragada no cigarro. Prendeu. Soltou. “Deus me livre
do amor. Amor me da ranço.”
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