- Imagina só – esticou e pegou a
maçã na fruteira a nossa frente – se você nunca tivesse visto uma fruta dessas,
nunca comeu ou se quer sentiu seu cheiro. Não conhece as flores antes dela e
nem faz ideia da arvore que a nutriu. Não sabe quem a colheu e muito menos quem
plantou. Desconhece sua textura, sabor ou se é amargo ou doce. Quando você
comer essa maça, nada mais antes disso terá qualquer relevância. Tudo que vai
importar é se ela é boa ou não ao seu paladar. Toda uma trajetória de vida,
dependendo apenas do seu julgamento para saber se vai ser aproveitada com belas
e deliciosas mordias e talvez até replantada, ou se será jogada no lixo como um
bom e velho monte de merda. Você pode ter algum problema genético que altere
seu paladar. Talvez seja “amarga demais” ou de “textura estranha”. O que vai
deixar a maçã gostosa vai ser determinado pelas experiências que você teve com
diversas outras coisas que na maioria das vezes não tem nenhum vínculo direto
com a fruta de Newton. O que eu quero dizer – mordeu a maçã de olhos fechados
com a mordedura de um manga larga e começou a falar de boca cheia – Não é a maçã,
é você! Não estrague tudo só porque teve a experiência de uma colheita ruim ou
boa. Às vezes é só você que não estava num bom dia também. Afinal, como dizia
Shakespeare “O que é a Rosa? Um nome ou seu perfume?”. Enfim, a gente tem que
conhecer a essência das coisas – e jogou a fruta quase inteira na lixeira ao
lado – e essa maçã seria uma péssima experiência pra você.